Pratickando – Relato do MMM, por To Megálo Autí (Sra. Penumbra)

Primeiramente, quero deixar claro que não sou uma pessoa disciplinada. É difícil para mim criar uma rotina (apesar delas me fazerem superbem).

Sou como o cachorro de Up. Ao longo do dia, vários gritos de “Esquilo!” me tiram o foco facilmente. Ou seja, sempre protelei para começar a fazer o bendito MMM, pois achava que não ia conseguir fazer disso uma rotina.

E isso é verdade. Para fazer o MMM direito, é preciso praticar todos os dias. E se eu não autochutar minha bunda, tem dias que vou arrumar uma desculpa para não fazer. Mas tenho conseguido até agora.

Mas vamos começar do início: qual é o objetivo da etapa em que estou?

  • Imobilidade
  • Consciência do corpo
  • Controle da respiração

O primeiro mindset que adquiri foi: Tô bêbada? Tô cansada? Tô com sono? Com dor? O cachorro tá pedindo atenção? Isso não é motivo para não fazer o exercício. Isso é o exercício.

Explico.

A primeira parte do MMM é o exercício de imobilidade, o que para mim é tranquilo… em condições normais de temperatura e pressão. Mas a vida não acontece dentro das CNTP.

E aprender a lidar com essas variáveis é exatamente o cerne da coisa.

Passei por todas as situações aludidas acima, e aprendi melhor com as falhas do que com os sucessos. Por exemplo: cachorro lambendo meu dedão já não é motivo para me mexer…, mas antes era motivo de risada. Agora o cão fica do lado de fora do quarto, e aprendeu a só reclamar depois de pelo menos meia hora.

Não se deixe enganar por essa cara fofinha e esses olhinhos penetrantes. Ela vai lamber seu pé até a morte.

E fazer o exercício bêbada é da hora. O diálogo interno é bem mais reduzido.

Minha principal dificuldade não é não me mexer. É controlar o diálogo interno. Eu sempre fiz isso inconscientemente, ocupando minha mente em faixas de diálogos (eu sei, sou esquisita, get over it). Às vezes eu conto (1, 2, 3) quando estou fazendo algo repetitivo. Quase sempre tem a rádio mental tocando, e até mesmo, principalmente quando estou preocupada com algo, repito frases em loop (Tipo I am one with the Force and the Force is with me).

Isso não é legal. Vai me atrapalhar mais adiante, quando entrar na etapa do não-pensamento.

Mas como a Catuaba é apenas outra muleta, o negócio é focar no físico, seu corpo, para calar o diálogo interno.

Eu faço uma espécie de power-on self-test, aquele procedimentozinho que o computador faz quando liga, pra saber se está tudo legal (memória, processador, etc.).

Fico numa posição confortável (mas não confortável demais… deitado é roubar no jogo), olhos abertos (não piscar é uma side quest que ainda não consigo cumprir), e passo a fazer o self-test pessoal.

Tem algo doendo? Tem algo diferente? Tem algo incomodando?

Quantos dedinhos do pé você tem?  Saiba que é difícil discernir o terceiro do quarto dedinho… Depois de conseguir sentir todos os dedinhos (estou pensando em dar nomes a eles) eu continuo o self-test até ter consciência do meu couro cabeludo… quem tem tempo de ficar dialogando internamente quando se está concentrada que nem uma Beatrix Kiddo às avessas?

Eu fico tranquilamente trinta minutos nessa parada, e estava começando a ficar meio entediada (lembrem-se eu estou pensando em nomes para os meus dedinhos do pé). Passada uma semana disso, e consultando o meu Instrutor (AKA Sr. Penumbra), ele falou para passar para a próxima etapa, que é a da respiração…

Hehehehe, eu já estava meio que fazendo isso… é que controlar a respiração é a minha forma de me acalmar e relaxar… Ok, mas é só respirar?

NÃO.

Você provavelmente não sabe, mas você respira muito errado (quase todos nós fazemos isso). A gente fica só numa respiração curta… funcional.

Agora que você tem consciência corporal, sabe ficar quieto e consegue suportar a sua própria companhia, o negócio é reaprender a respirar.

Porra, mas quem não respira já morreu…

Você sabia que seu pulmão tem três partes (superior, médio e o inferior)? Tua função aqui é oxigenar esses miolos, colocar o pulmão para funcionar a plena capacidade.

Sabe aquela história de inspire profundamente e expire profundamente? É isso aí. Faça isso com calma, que pressa aqui não funciona.

Inspira…. Tudo que você puder, prende, solta devagar e passa (não! Pera…). Repita… você vai saber quando estiver fazendo certo… A sensação é ótima… afinal, oxigênio é combustível para a cachola.

Com o tempo você vai precisar mexer menos o peito para encher o pulmão, e vai ficar mais fácil se manter quietinho.

Recomendação: não faça isso com sono real… isso é extremamente relaxante e você VAI dormir.

Outras coisas que aprendi:

Olhos abertos me distraem… Mas o meu Instrutor disse que ficar de olhos fechados vai atrapalhar mais adiante.

Nos primeiros dias eu fiquei super irritada com qualquer pessoa que tentava falar comigo depois do exercício. O meu Instrutor disse para eu fazer uns banimentos. De boa, não fiz e passou sozinho. O real culpado era a Sanguinolenta Besta Mensal… foi só fazer umas oferendas de chocolate que passou. Mas na próxima etapa eu vou começar a fazer o banimento para ver se ajuda com o esvaziamento da mente.

Isso é tudo de interessante até aqui. Vou seguir colocando minhas experiências, se forem de interesse ao povo das capirotagens.

Diálogos Reais e edificantes

A: Peidar caracteriza se mexer?

B: Depende da força com a qual você é propelida.

 

A: Se você continuar a tentar falar comigo depois do exercício eu vou azunhar a tua cara!

B: Acho que você deveria fazer uns banimentos para o bem do nosso relacionamento.

 

A: Eu fico pensando no cão, e isso me distrai do exercício…

B: O Cão!? O Tinhoso? O Esquerdo?

A: Não, o cachorro… Ele fica querendo entrar no quarto, chorando, e se eu deixo ele entrar ele fica lambendo o meu pé.

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