Estudando o Liber Null #06 – Liber Lux: Evocação e Servidores

Hail!

Praise the Sun e o que funciona folks!!!

Magickando Estudando o Liber Null chegou!

Se quiser (e você quer, eu sei) ler as partes anteriores dessa coluna, clique para ver a introdução AQUI, sobre os exercícios do Liber MMM AQUI,

Hoje falaremos sobre Evocação! Parta do pré suposto de que é possível o contato com entidades, sejam elas alienígenas à psiquê humana ou um desdobramento com aparente individualização para melhor interação com o consciente.

Ah! O Vinícios da Penumbra Livros, vulgo Sor Penumbra, tem um texto ótimo sobre Servidores, e o ponto de vista exposto por ele ali é muito semelhante ao que pretendo abordar, vários conceitos expostos por ele lá são abordados aqui também (aliás, os textos do Blog da Penumbra são muito bons!).

A palavra vem do latim “evocare” e significa “mandar chamar”, no caso para fora do seu corpo, sendo uma manifestação que se presume externa e em alguma instância independente do Evocador. Aqui são válidos tanto o ato de chamar, quanto o ato de criar.

O QUE SÃO E QUANDO USAR?

Servidores são algo como ideias autônomas/entidades/ações parcialmente ou totalmente independentes do magista. Seus usos são múltiplos e limitados pela criatividade de quem os emprega, é habitual que um mago possua servidores pessoais de Defesa, Ataque, Saúde e Financeiro, que são como magias autônomas ou parcialmente autônomas que ficam sempre ativas e cuidando e desenvolvendo essas áreas enquanto o mago esta vivendo a vida comum e banal, mas existem servidores para uso em estudos, como armadilha para inimigos, como companhia, para conseguir companhia, sexo, e uma infinidade de possibilidades.

Um servidor é especialmente útil graças a permanência e autonomia, por não precisar ser esquecido como o Sigilo, penso que o Sigilo se alimenta do “vazio” na sua mente, por jogá-lo no inconsciente, o Servidor já se alimenta da lembrança, quase como uma obsessão em miniatura, a atenção dá força a ele. Depois de devidamente alimentado e trazido a vida, ele mantem sua ação até ficar sem energia, ser destruído pelo mago criador ou se for especificado em sua criação para adormecer após a realização da tarefa.

TIPOS DE ENTIDADES

Pete simplifica em três fontes de entidades, as Descobertas, as Categorizadas e as Autorais, não é esse os termos que ele usa, mas prefiro assim. Mas antes… preciso dar umas explicações aqui, termos como “tulpa” podem ser usados para outras definições, como um termo genérico para projeções mentais, mas aqui neste post estamos nos referindo a entidades. E recentemente rolou uma polêmica sobre o uso do nome, sinceramente, foda-se. Outra coisa, a definição abaixo é a minha definição pessoal atual, é o que tem funcionado para mim, não é a regra-canônica-ad-aeternum-lê-olah-amém, é só um parâmetro, use essa ou tenha a sua ou não tenha nenhuma, resista a assaltos, coma verduras e leia a p.00060 do Principia Discórdia. E na dúvida pau-no-seu-cu.

  • Entidades Descobertas – Normalmente por Clarividência, são entidades que tem um estatus de “pré-existentes”, podem até ser fruto de criação autoral de um povo ou coletivo àgrafo, cujo registro vem de uma tradição oral/não escrita.
    • Elementais: Forças naturais normalmente selvagens e amorais. Gnomos, Silfos, etc;
    • Totens: Semi-divindades, em sociedades tribais costumam ser “descobertas” e alimentada por “seguidores”, pela sua semelhança com egrégoras podem ser criadas também, uma característica importante que o Sr Penumbra lembra em seu texto é o ato de “devorar” e assimilar outros totens em especial de povos derrotados que algumas dessas “entidades” possui, Levi Strauss tem um livrão chamado Pensamento Selvagem que desenvolve um pouco dessa ideia;
    • Deuses ágrafos: Egrégoras antigas reveladas pela vivência, muitas vezes baseadas em algum heroi mítico que pode ou não ter existido materialmente, são facilmente reconhecidas e percebidas, possuem muito poder acumulado, podem possuir “elementos que as acompanham” e em certa medida as “definem”. Os deuses de origem africana como Ogun, Exu e Oxum ou entidades indígenas como Jaci, Tupã, Nhagá, etc..
  • Entidades Categorizadas – Oriundas de Grimórios.
    • Egrégoras: Entidades criadas pelo pensamento e intento coletivo de um grupo, possui função específica mesmo que não tenha uma “forma clara”. Como o Hue BR e a baleia azul e dependendo da sua percepção, os Goétios;
    • Tulpas: São como servidores mas não possuem funções especificas, sendo mais genéricos, versáteis e com maior área de atuação, normalmente trabalham em troca de aumento de inteligência e consciência de sí próprio, tendem a ser bastante poderosas com o tempo. Criaturas ficcionais que ultrapassaram seus autores, como Sherlock Holmes, Superman e James Bond são bons exemplos de Tulpas nesse sentido. No Discordianismo são os Santos de 1º Classe, Santos Imaginários, por serem “humanos” ideais e assim muito melhores que os reais;
    • Deuses Revelados: Egrégoras antigas reveladas e representadas em escritos, e por meio destes “grimórios” podem ser conhecidas e invocadas, são facilmente reconhecidas e percebidas, possuem muito poder acumulado e tendem a possuir também uma “representação”, uma imagem cristalizada de si. As muitas representações do Deus Cristão, Krishna, Ishtar, Odin, Zeus e qualquer outra divindade;
    • Humanos Divinizados: Pessoas que já viveram (as vezes que ainda vivem, é mais raro mas acontece) e atingiram status de divindade, por receberem adoração e reconhecimento. Jack Kirby, Crowley, Spare, John Lennom, etc. São os Santos de 2ª Classe no Discordianismo, os Santos Reais (de que foram reais, não sendo essa uma expressão de qualidade).
  • Autorais.
    • Servidores: Criados pessoais com funções especificas alimentados pelo mago;
    • Atavismos: como definidos na visão de Austin Osman Spare.

Existem também uma galera difícil de definir, ou que podem ter duas ou três definições, como dito anteriormente a proposta acima é um parâmetro, mas por exemplo, tenho pouca experiência com magia Enochiana, simplesmente não sei se os encaixo como Elementais, Tulpas ou Deuses. Ou os daemons Goétios, dependendo da sua relação e experiência com eles podem considera-los outra coisa que não egrégoras, que é a percepção que tenho deles e de suas capacidades. Enfim, é um parâmetro apenas, e uma discussão de anos, assim como a questão de serem entidades externas (inteligências transhumanas), internas (arquétipos psicológicos), ou ambos. Vamos discutir.

FAZENDO O SEU SERVIDOR

Elemental simples segundo o Liber Null

  1.  Junte um apanhado de símbolos que sejam significantes para você e que demonstrem a função do servidor.
  2.  Componha os símbolos como em um sigilo.
  3.  Banimento antes do ritual.
  4.  Quando estiver satisfeito com o símbolo, entre em gnose e visualize a doação de energia para o símbolo, ativando suas propriedade e com ele tomando vida. Um ritual que simule um nascimento ou uma fecundação pode ser útil, como descrito pelo Pete na tradição Ofídica (p.42, 2ºp), ou mesmo através de estímulo sexual solitário (a famosa punheta/siririca).
  5.  Guarde o Sigilo
  6.  Banimento para voltar a consciência Konsensual.
  7.  Utilizando um Servidor de Outra Fonte
  8.  Encontre o Sigilo do Servidor que pretende usar.
  9.  Estude sobre ele, conheça seu nome, leia sobre, entenda a razão do seu símbolo e nome e use a leitura de tarot para sacar qualé da entidade (abaixo).
  10.  faça um espaço específico para a manifestação do servidor, o método da Goétia é interessante, você em um círculo e o ser invocado em um triângulo a uma certa distância de você, isso reforça que ambos são distintos em espaços distintos.
  11.  Banimento antes do ritual.
  12.  Entre em gnose, invoque e visualize a sua vinculação com o Servidor.
  13.  Banimento para voltar a consciência Konsensual.

Outras forma de trazer um servidor a existência é através do que Pete chama de Teurgia, que seria longas orações e cerimoniais, um problema é que quanto mais complexo o cerimonial, mais distrações são acrescentadas. Em rituais longos é aconselhado na minha opinião, que outra pessoa cuide da parte operacional e você se preocupe em sentir e viver o momento.

Sobre a Goécia Pete lembra que existe uma característica adicional na experiência com esse segmento de espíritos, o Terror, usado para paralisar funções periféricas da mente e deixar o Kia trabalhar. Se você conseguir deixar o Kia trabalhar.

Pete também fala sobre o uso de sangue em ritos, sangue é uma representação da energia que da a vida, usá-lo é uma manifestação física do ato de dar energia em gnose. Podemos arriscar uma discussão sobre o sangue ter propriedades mágicas intrínsecas ou se é a consciência e o Kia que atribuem e relacionam propriedades mágicas a um objeto inerte que é o sangue, dependendo da sua experiência e tradição sua visão sobre isso pode ser diferente. De toda forma usar seu sangue costuma ser mais eficaz que o dos outros. Eu particularmente NÃO aconselho você a colocar seu sangue em NADA que não seja feito por você, e as vezes nem isso, ou, nas palavras do autor “o poder de controlar sacrifícios de sangue normalmente traz consigo a sabedoria de evita-los, favorecendo outros métodos”.

Depois de criado o servidor, utilize seu símbolo, seu nome em uma gnose leve para conversar com ele. Em minha experiência pessoal, servidores recém criados podem não “conversar” com o mago, mas com o tempo rola a sensação de uma “certeza de que foi ouvido” ou até uma “voz em eco no fundo da cabeça”.

DESTRUINDO SEU SERVIDOR

Caso queira se livrar de um servidor que esteja causando problemas (e servidores mal feios podem sim causar problemas) ou que já tenha cumprido sua função, você pode desativa-lo ou destruí-lo. Em ambos os casos a destruição do sigilo inicial é uma parte importante seguido da visualização da sua energia dada ao sigilo sendo devolvida ao seu corpo, reabsorvida. Para a destruição, depois de destruído o sigilo e reabsorvido a energia, esqueça o símbolo, servidores dependem da lembrança. Para desativar, salve uma cópia do sigilo em um livro de espíritos e reinvoque quando precisar.

SERVIDORES COLETIVOS

Esse é um tema bastante polêmico, e ao longo de 2017 parecem ter ganhado uma maior força nas comunidades de magos do caos brasileiras, particularmente, não tenho nada contra servidores coletivos, em especial quando feitos em um grupo de magos amigos e conscientes da criação, entidades assim tendem a ser bastante eficientes e poderosas. Porém quando você não conhece o mago é meio arriscado, uma vez que você não tem acesso ao “material original da criação”, o delineamento original do Servidor, sua função, e pode rolar vampirismos ou até coisas mais complicadas.

A própria lógica dos servidores coletivos é meio estranha se você pensar. O Pete ensina como montar um servidor para você através de uma combinação de símbolos que te façam sentido e que corroborem com a ação que o Servidor deva desempenhar, se você tem alguma experiência com runas, é a mesma mecânica do Runebind, não me admire que a origem possa ser a mesma inclusive, pois então, partindo disso, dependendo de como foi a combinação para montar o servidor feito por outro, você nem consegue perceber quais foram os símbolos empregados, talvez eles nem te façam sentido.

Como o servidor funciona então? Pode-se pensar que já que você desconhece o sentido original do símbolo, e utilizar o servidor lhe deu alcance e resultados semelhantes a outros é um indicativo de que o servidor possua alguma dimensão de existência não restrita ao ambiente psicológico individual, ou que existe um grua de divinação para a compreensão dessas coisas sutis. De toda forma, normalmente é preciso testar. Mas fica esperto em o que testa e faça as defesas necessárias, se não é tipo colocar pendrive de origem duvidosa no seu PC sem passar um antivírus, aqui vale outra boa máxima da magia:

Se você não sabe o que ta fazendo, não faça!

Ou faça, mas não reclame!

Ou reclame, mas resolva!

Ou não.

Confesso que dou uma testada de leve em vários servidores, sempre com o máximo de segurança, porém para uso cotidiano e contínuo, particularmente penso em fazer eu mesmo um com funções próximas e que se encaixam em minha necessidade.
Outro cuidado é que costumo passar servidores alheios por um processo de divinação com o Tarot para perceber qual é a do servidor, perguntando a origem, função, prós e contras.

Leitura de tarot  para sacar qualé a do servidor

Coloque o Sigilo/Símbolo/Nome do Servidor na mesa, e disponha as cartas em Cruz, começando do meio (1), seguindo para a direita (2), baixo (3), esquerda (4) e acima (5).

Carta 1 – Qual a função do servidor/A função descrita é a que ele executa?

Carta 2 – Qual a Origem/Necessidade que trouxe vida ao Servidor?

Carta 3 – Qual o “Temperamento” do Servidor?

Carta 4 – Qual/Existe uma “Função Oculta” no Servidor?

Carta 5 – O que o Criador quer/ganha com o Servidor?

 

Minha impressão com os principais servidores coletivos por ai

É sempre bom ter cautela com servidores dos outros, sobretudo de quem você não conhece. Isso precisa ficar claro. Uma vez o Vinícius Sor Penumbra citou uma coisa que tenho atentado, que “um servidor é tão bom quanto a galera que o usa”, tenho pensado sobre isso.

40th Servitors – Criados pelo artista gráfico Tommie Kelly, um cara bem acessível aliás, para ser um Kit Completo de espíritos para variadas situações, além de uma boa ferramenta divinatória e com possibilidade de combinações. Tem uma comunidade bem ativa que faz uso deles no Brasil, e achei bem bacana, tanto pela beleza gráfica quanto pela mecânica de possuir “cartas” com os sigilos dos servidores para uso. Na investigação com a tarot usei um símbolo geral que sintetiza todos os servidores nele, não obtive como resposta nenhum mecanismo de vampirização, apenas a possibilidade de retorno financeiro e reconhecimento para o autor com a sua criação, o que acho justo. Nos meses de uso, obtive resultados interessantes, profundos até, mas vi alguns relatos muito milagreiros, e não foi por ai a minha experiência. Uma coisa interessante nestes servidores é que os símbolos usados são bastante universais, bastando alguma reflexão sobre ele para que os entenda, ancorando assim com facilidade no “local” dentro de você correspondente ao servidor. Nesse sentido, tem alguma semelhança com o alfabeto do desejo do Spare. (update: acho a técnica dele muito boa, ainda uso alguns em momentos por serem bem fordianos e especificos em suas habilidades. Não uso o The Master.)

Abralas – Servidor brasileiro relativamente recente, criado por Rodrigo Vignoli com – salvo engano – colaboração do Victor Vieira, um brother de alguns grupos de estudos. Abralas foi criado para ser um “facilitador”, tanto que recebeu o título de “O Chave Mestra”. Tem uma comunidade bastante ativa que o utiliza e experimenta. Particularmente tive alguns resultados interessantes com ele, mas ainda estou entendendo qualé do Servidor, ele já parece ser algo além disso já, uma forma deus com agenda própria desenvolvida a partir das diretrizes básicas propostas em seu nascimento. (Update 1 – 09/17: no fim ele não é para o meu rolê, mas tem uma galera ai curtindo; Update 2 – 12/17: recentemente rolou uma polemiquinha sobre o comportamento do servidor para algumas pessoas, aparentemente mulheres em sua maioria, gostaria de lembrar que ninguém é obrigado a usa-lo ou contata-lo, e ficar defendendo/acusando partidários de um servidor é esquecer que ele TE SERVE e não você a ele, como em igrejas.)

Fotamecus – Um famosíssimo servidor de tempo criado por uma reconhecida cabala discordiana, o Fotamecus já esta por ai há muito tempo e é independente em sua atuação. Costumo usa-lo para ampliar o tempo durante viagens e momentos prazerosos, e reduzir em situações chatas ou pro forma. Pouquíssimas vezes ganhei mais de uma hora ou duas em minha percepção. Mas também raramente preciso de mais do que isso. (Update: Me aproximei novamente do Fotamecus, a percepção é de que meus dias estão longos para cacete, quase dobrando o tempo, mas pode ter a ver com outro rito que realizei e participei também. Sem mais.)

QUESTÕES ADICIONAIS

Espíritos e Manifestação Física – O Pete diz que conjurar realidade objetiva de espíritos é um ato imprudente, o Spare segundo a literatura a seu respeito manjava bem disso. A questão é que segundo o Liber Null, nossa mente utilizará subterfúgios para não reconhecer a “realidade” da manifestação espiritual, dizendo a nós mesmos que aquilo é só uma espécie de alucinação. E realmente o é, uma vez que não possuem necessidade de existência física. Penso só o gasto energético pouco útil que é esse tipo de manifestação, mais eficiente é levar a percepção até um estado que permita a observação deste, através de gnose (Privação do Sono, Jejum, drogas leves, etc.) além de fornecer uma matéria que permita a moldagem para manifestação, como fumaça, fogueira, uma superfície espelhada de água, entre outras possibilidades.

Succubos e Inccubus – Esses são Polêmicos! Pete diz que são entidades criadas pelas patologias sexuais de outras pessoas, são bastante fortes na atualidade pela boa alimentação que encontram, mas por terem um objetivo claro e simples, raramente desenvolvem algum intelecto que não seja voltado para a sedução, normalmente visual ou com o uso de poucas e simples palavras. Súcubos seriam criaturas que preferem o sexo com homens e Íncubos com mulheres, em minhas percepções pessoais como professor de adolescentes, percebi algumas coisas interessantes sobre essas criaturas, as Súcubos são bastante territorialistas, marcando os seus “garotos” e afastando meninas reais, provavelmente incentivando mais ainda a masturbação ou os sonhos e garantindo sua fonte energética, Íncubos por sua vez fazem as meninas ficarem interessantes para os meninos, provavelmente alimentando-se desta energia também, além da pessoa “hospedeira”. Acabar com essas criaturas é simples para um mago, 21 dias de privação sexual, começando em uma lua crescente, banimento todos os dias, e a criatura morre de fome ou parte para outra. A aparência destas criaturas como vista “no olho da mente” do alvo é uma criatura de extrema beleza do sexo de interessa do hospedeiro, com algum treinamento (e meditações com foco na racionalidade e o ar) é possível ver uma forma mais coerente dessas criaturas, um amontoado disforme de órgãos genitais, seios e curvas sensualizadas bizarras.

Sucesso para vocês ;]

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